Passando a limpo...

Quando completei 40 anos achei o máximo! Fiz um festão, reuni um monte de amigos. Parecia mesmo aquela coisa do renascimento, da vida que começa aos 40 e tudo o mais que já falaram a respeito. Neste ano completo 44, 10% a mais. Já me disseram que depois dos 40 a gente vai olhando o que fez, avaliando, usando o passado como um conjunto de medidas para as decisões futuras. É fato que tenho pensado no passado, talvez eu tenha ficado mais saudosista e esteja caminhando para um futuro onde eu possa dizer aos meus netos "no meu tempo...". Por outro lado, o que eu fui aprendendo é que o passado fica mesmo onde está, no passado. Não há saudade que o traga de volta. O passado não se melhora mais - e neste aspecto, eu não tenho mesmo o que melhorar no meu. O futuro, este sim! A gente tem como moldar do jeito que a gente quer, com as pessoas que a gente ama e com ações que permitam que o mundo ainda esteja aí para a nossa descendência.

Engraçado que 2006 foi o ano em que mais retomei o conceito e minhas próprias idéias de liberdade, muito em função do meu trabalho com softwares livres, de código-aberto. Esta retomada levou-me a reflexões e acabei por descobrir-me meio seletivo e até impaciente - é a idade! - com relação a uma série de coisas, pessoas e projetos. Talvez na expectativa um pouco mórbida de que, se espero viver até os 80, passei da metade e agora tenho que aproveitar melhor as coisas, pessoas e
projetos, ao mesmo tempo em que quero continuar retribuindo, de alguma forma, com a comunidade da qual faço parte. Mas também, dê um desconto aos meus exageros. Claro que esta expectativa de vida é um exercício de retórica e matemática. Como disse Vinícius de Morais, a questão é viver na largura e não no comprimento. Como o comprimento não tenho como prever, vou melhorar na largura.

Assim, haverá discussões das quais vou participar em que não haverá convergência. Se eu for convencido de algo novo, eu mudo! Caso contrário, não terei complexo algum em seguir com as minhas idéias. Buscarei sempre entender novas idéias e aprender com elas, mas deixo de lado a discussão de idéias velhas que nunca fizeram sentido para mim.

Por exemplo, sigo acreditando que devemos dar a toda e qualquer pessoa a total liberdade para que ela exerça sua criatividade e poder de produção. Se eu puder seguir ajudando a guiar novas pessoas com novas idéias com tudo aquilo que tive oportunidade de aprender com outros, o farei com toda a certeza. Mas provavelmente não tentarei mais mudar a cabeça de pessoas que acreditam que outros são inferiores e precisam de controle, e não de direção e incentivo. Afinal, tenho que aproveitar meu tempo com quem tem o potencial de crescimento, mudança e com quem eu também possa aprender cada vez mais.

Enfim, espero que todos nós possamos, cada vez mais, ao exercitar nossa liberdade, trazer também liberdade a todos os que amamos. Não só em 2007, mas sempre! E que para quem ainda não entende que só se é plenamente livre ao oportunizar a liberdade a seu próximo, que receba esta idéia do Papai Noel, nem que seja com um saco inteiro caindo na cabeça!

Muita felicidade para todos nós!



Design: Dobro Comunicação. Desenvolvimento: Brod Tecnologia. Powered by Drupal