Pai perfeito

Para meu pai perfeito, Anselmo Brod. Te amo, paizão!

Texto escrito para a missa de dia dos pais, lido no dia 12 de agosto de 2006, às 18h00, na igreja matriz de Arroio do Meio.

Acho que desde que me lembro, eu queria ser pai. A memória mais distante que tenho é a do casamento do tio Ada com a tia Eliana. A gente cruzava o rio em uma balsa e eu ainda era filho único. Foi o primeiro casamento que acompanhei. Hoje, pensando melhor, imagino se meu desejo adolescente de ter três filhas, mesmo antes de me imaginar casado, não teria vindo da admiração que sempre tive de meus tios e sua relação com as suas três filhas.

Mas quando fui convidado – aliás, sinto-me muito honrado e agradecido por isto – a dizer algumas palavras sobre o papel de um pai nesta missa, minha memória ativou-se com várias lembranças do meu pai. Papel de pai é ser ídolo. Meu pai é, sempre foi, meu ídolo. Lembro de uma vez, quando ainda morávamos em Arroio do Meio, antes da jornada para São Paulo, em que meu pai levou-me ao barbeiro, logo abaixo da rodoviária. O barbeiro perguntou como eu queria o meu cabelo e eu disse “igualzinho ao do meu pai”. E olha que meu pai já nem tinha mais tanto cabelo naquela época.

O amor que a gente tem por nosso pai é tão grande que a gente idolatra mesmo, idealiza, quer ser igual. Quando a gente vira pai é que percebe a responsabilidade e o perigo disto. De repente a gente tem pessoinhas que amam tanto a gente e a quem a gente ama tanto que não quer magoar nunca, mas para as quais a gente tem que mostrar qual a realidade da vida, quais os caminhos a seguir e quais devem ser evitados. E no trabalho da criação, do acompanhamento, nem sempre a gente consegue ser perfeito. Filho não vem com manual de instruções e ainda não achei em nenhum lugar, nem no Google nem no Orkut, um guia de “como ser um pai perfeito”.

Fica mais difícil ainda quando se tem um pai perfeito como o meu. Impossível conseguir ser igual. E olha que tentei desde criança, já pelo corte de cabelo. Quando parei pra pensar sobre o que eu falaria aqui, agora, imaginei se meu pai chegou a ter estas neuras que tenho umas dezessete vezes por dia: “estou sendo um bom pai?”, “tomei a decisão certa?”, “eu devia ter sido mais duro com minha filha?”, “eu não devia ter sido tão duro com ela?”. Provavelmente não! Tudo o que o meu pai fez com relação a mim e a meus irmãos foi certo, mesmo que na hora não parecesse.

Eu não tenho tanta certeza de estar fazendo a coisa certa sempre e, também sei, que não consigo igualar-me a meu pai. Descobri com o tempo que cada pai é diferente, do mesmo jeito que cada filho é diferente. Sem um manual, a gente vai indo pela intuição e especialmente com amor. A certeza que me consola é a de que, sendo pai, a gente ama um filho, uma filha, incondicionalmente. Assim, o que a gente faz, as decisões que toma, são sempre querendo o melhor. Não é querer inventar desculpa, dizer que “posso ter errado, mas a intenção foi boa”... É sim, querer dizer, que como pai, a gente nunca quer errar porque um filho é a maior responsabilidade que se pode ter. Assim, espero que, da mesma forma que vejo e admiro meu pai aqui com meus mais de quarenta anos, minhas filhas possam olhar em um futuro não muito distante para os meus netos e terem por mim toda a admiração e amor que tenho pelo meu pai. Especialmente, quero que saibam o quanto é bom poder dizer tudo isto.

Feliz dia para todos os pais e muito, muito obrigado a todas as mães. Um pai não existe sem uma mãe do lado. Especialmente, um beijo para os meus pais que estão aqui vendo o monstrinho deles ser o chorão de sempre.



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