Helsinki - VI

Ésquilo morreu de tartaruga. Caiu uma na cabeça dele. Na Grécia, as águias comem tartarugas. Só que como tartaruga é um bixo que tá dentro de uma parede (Arnaldo Antunes é quem diz que tartaruga por dentro é parede), as águias gregas pegam os bixos na praia, voam bem alto e miram numa pedra. Ésquilo era careca e a porcaria estava feita. Basta uma águia míope e um filósofo careca.

Neve escorrega. Junte a isto um brasileiro mal acostumado e metido e o domingão do Faustão está feito. Se ninguém mais aqui cair eu derrubo um, pois não vou sair perdendo de dois a zero assim, numa boa.

Quase não durmo em avião. Tenho que me acostumar com o ambiente antes de conseguir dormir, e avião não é um ambiente com o qual um vivente se acostuma. No hotel só durmo bem a partir da segunda noite. Assim, sempre carrego comigo um livro que não me faça pensar muito. Desta vez é o "The Darwin Awards", que conta a história de várias pessoas que, de tão estúpidas, provocaram acidentes infames que as levaram à morte ou à esterilidade, evitando que seu DNA prejudicasse as gerações futuras. Não foi o caso de Ésquilo, que morreu de tartaruga. E nem vou ser eu que vou morrer tastavilhando em terra estranha. Até porque, meu DNA já seguiu adiante, ainda que eu espere que as receptoras demorem alguns anos até
propagá-lo.

Combinamos para a apresentação pública que aconteceu na sexta-feira, que o Niranjan (coordenador dos trabalhos) faria um apanhado geral da situação do software livre nos países em desenvolvimento, o Fred falaria da India, que por si só é um continente, e o Nico se ateria aos problemas de infraestrutura.

Coube a mim falar de experiências práticas, do PSL-RS, e em especial da UNIVATES, incluindo também o projeto SOLIES, uma iniciativa da Universidade Federal de São Carlos, em São Paulo, que chamou as Instituições de Ensino Superior para pensar uma estratégia conjunta para o software livre. Não deve demorar muito para que a "Carta de São Carlos" esteja na rede. Já falei sobre isto em outros e-Mails para a lista do projeto, então só digo aqui que a única iniciativa que passou perto do que o pessoal de São Carlos fez foi a da Venezuela, congregando quatro Universidades para um projeto unificado de adoção do software livre nas esferas acadêmica e administrativa (quantas Universidades mesmo tem no Brasil? Em São Carlos tinha umas 40 e só as que são membras da SBC já devem dar um balaio grande...).

O público não era técnico, mas ainda assim, babou com três coisas.

- Com o MIOLO (http://www.miolo.org.br - só para lembrar a URL aos poucos que ainda acham que o PSL-RS tem que ter algum espaço para coisas que não são livres), os planos para o seu futuro e sua função como ferramenta para o desenvolvimento rápido de aplicações.

- O RAU-TU (lembrando, a platéia não era técnica), uma ferramenta que quem ainda não está usando deveria estar. Na UNIVATES estamos implementando o RAU-TU "Madame Myrna", um projeto do Marcelo Malheiros com o Júnior Alex Mulinari que prevê auxílio sentimental voluntário aos corações desesperados.

- O curso interno que a UNIVATES está promovendo a seus funcionários da ferramenta OpenOffice, usando o TELEDUC (lembro que a platéia não era técnica, e não estou querendo fazer nenhuma propaganda subliminar com isto). Como sou aluno/co-formador do curso, pude mostrar a "lição do dia", um trabalho sobre diagramação com o qual, coincidentemente (mesmo!) eu havia contribuído. A responsável pelo curso é a Figui, que alguns aqui conhecem, outra GNURIA. Toda a história de usar o TELEDUC para o treinamento interno começou ainda com mais uma mulher, a Ciliane, da EMATER.

Pois bem, sexta-feira à noite, quase 9 horas, neva lá fora, eu aqui escrevendo enquanto as renas e os demais finlandeses hibernam. Alguns poucos devem ter lido o último parágrafo e pensado: Puzgrila! Esse cara é o maior puxa-saco destas GNURIAS!!! Só respondo: sou mesmo, e daí, vai querer encarar? Meu apoio às GNURIAS se deve em parte ao fato de que as festas da turma de informática não são a mesma coisa se não tem mulher na parada.

Mas é bom que essas tais de GNURIAS daí do Brasil aprendam logo a falar inglês para poder apresentar o grupo em espaços internacionais (ainda que eu goste da função de embaixador)... Com o espanhol elas já se viram... Tem uma até que se sentiu uma mulher completa num cassino Uruguaio, mas não sou eu que vou entregar qual foi...



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