Helsinki - III

A Finlândia é que devia ser a terra do sol nascente. O sol aqui fica nascendo um tempão, e logo em seguida fica se pondo por um tempão. O processo todo inicia quase nove horas da manhã e termina lá pelas quatro da tarde. Por isto que aqui tudo é branco, até as pessoas. Mas não dá para ver muito delas, só os olhinhos. Que saudade do verão brasileiro e das pernocas de fora das donzelas! Liguem as webcams e me mandem as URLs!!! No auge do inverno (sim, mal está começando), o pessoal confunde o sol com um OVNI.

Retomando o fio da meada (ou o frio da meada, neste caso), na quinta-feira todos os participantes do "Projeto Helsinki" estiveram reunidos na sede da Kepa apresentando os resultados preliminares de uma pesquisa que busca determinar avanços sócio-econômicos diretamente ligados ao software livre em economias emergentes. Na sexta-feira, cada um apresentou seus projetos e experiências pessoais ao público em geral. Destas reuniões e do relatório final sairão propostas aos ministérios finlandeses de relações exteriores e apoio ao desenvolvimento, que podem, ou não, destinar recursos a alguns projetos selecionados, visando sua aplicação em escala global.

O jovem professor de filosofia Tere Vadén, do Hypermedialab da Universidade de Tampere, posicionou a audiência com relação a propriedade intelectual, e apontou (como o professor Imre Simon sempre nos chama a atenção) que o movimento de software livre é uma das manifestações de algo muito maior, que é a liberdade para todo e qualquer tipo de conhecimento humano. O professor Tere faz uma matemática redução ao absurdo da definição de propriedade intelectual, mostrando que podemos chegar ao ponto onde, se toda a informação é proprietária, a própria informação de que a informação é proprietaria também é, o que leva a uma total invalidade de qualquer tipo de informação. Ele também mostra que a propriedade intelectual nunca é neutra: para o bem ou para o mal sempre está alinhada a alguma linha de pensamento filosófico ou político. Ele conclui que, mesmo nos casos onde pode ser bem intencionada, a propriedade intelectual nunca mostrou benefício prático. Taí uma idéia para o próximo Fórum Internacional de Software Livre! Especialmente neste momento onde algumas propostas que têm vindo para a lista mostram que há alguns que perderam (ou nunca chegaram a ter) o real foco do movimento, que antes de resultados práticos para o negócio de um ou de outro, busca reconhecer que o conhecimento tem que ser sempre livre. O professor Tere, por sinal, inicia sua palestra com uma definição do termo "conhecimento", e mostra que, já em sua definição, ele não pode ser propriedade de ninguém. Que tal uma mesa coordenada pelo Prof. Imre Simon, trazendo para um debate envolvendo a platéia também o Prof. Heber Godoy, o Prof. Tere Vadén, e eventualmente, se o dinheiro permitir, o Lawrence Lessig (Open Law) e o Pierre Levy? Coloca o Marcelo Branco ou o Rubens Queiroz (ou os dois logo de uma vez!) no contato direto com a platéia, dando uma de Serginho Groissmannn (dos bons tempos). Vai ser uma sessão que vai dar o que falar!!!



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