Feliz dia do Professor?

A profissão mais importante do mundo é a do professor. A grande maioria dos professores do Brasil ganha pouco. São muito poucos os que discordam dessas duas afirmações. Então, o que fazer para resolver o dilema nelas contido?

A docência é um chamado vocacional tão forte que, mesmo ganhando pouco, há muitos que ainda dedicam-se à carreira. Felizmente! Mas talvez seja justamente por essa questão vocacional, idealista, que abusam tanto dos professores. Porque, no fundo mesmo -- e se houver exceção, eu desconheço -- a motivação dos professores vai muito além de seus parcos salários.

O recém lançado livro GOVERNO BRASILEIRO NO FUTURO traz um artigo de Fredric Litto, presidente da ABED, intitulado “Aprendizagem no Brasil: setor estratégico para no tempo em um mundo dinâmico” e outro de Viviane Senna, presidente do Instituto Ayrton Senna, com o nome “Século XXI exige muito mais da Educação: vencer o atraso e ir mais longe”. Triste demais ver um livro com FUTURO em letras maiúsculas em seu título, com tantas coisas boas relatadas em vários campos, trazer textos que constatam que, em termos de educação estamos atrasados, parados no tempo. Tanto Fredric como Viviane apresentam propostas de mudanças e, além disto, atuam para que estas propostas transformem-se em ações reais.

Dentre várias sugestões, Fredric propõe a quebra do paradoxo da educação de professores no Brasil, onde os melhores professores, formados em universidades públicas, acabam dando aulas em escolas particulares onde os salários e os recursos são melhores. Estes professores educam os alunos das escolas particulares que, mais preparados, preenchem as vagas fornecidas nas universidades públicas através de concorridos vestibulares. Cabe às escolas públicas professores de segunda linha que não terão condições de preparar bem seus alunos para os vestibulares e assim, os poucos que entrarão em uma faculdade terão que optar por uma paga, particular, que cursarão com dificuldade enquanto trabalham. Fredric diz que deve ser criada uma comissão apolítica de estadistas, empresários e acadêmicos que estudem este paradoxo e proponham soluções inovadoras para este paradoxo e para outras questões, mas já sugere, por exemplo, a redução do imposto de renda àqueles que façam doações à instituições de ensino públicas e privadas sem fins lucrativos. Outra proposta de Fredric é a de que todos os recursos educacionais sejam disponibilizados de forma livre e aberta na internet.

Viviane aponta a necessidade de romper com o atraso histórico na educação do Brasil, onde apenas 13% das pessoas entre 18 e 24 anos estão matriculadas no ensino superior (na Coréia do Sul esta taxa é de 80%). Para ela as habilidades de leitura, escrita e cálculo já deveriam estar resolvidas e temos que tratar do desenvolvimento de atributos pessoais como a capacidade de atenção, concentração, persistência, sociabilidade e comunicação que, associadas às habilidades já mencionadas, aumentam o desenvolvimento cognitivo dos alunos e estão diretamente relacionadas a seu sucesso. Viviane cita o exemplo do Japão onde as crianças recebem, em suas escolas, brinquedos grandes demais para que possam brincar sozinhas, precisando brincar com outros. O Instituto Ayrton Senna financia uma série de pesquisas e ações voltadas à melhoria do ensino, especialmente o público.

Mas nem Viviane nem Fredric falam, explicitamente, em uma melhor remuneração para os professores. Talvez por isso ser algo óbvio demais ou, quem sabe, por uma certa modéstia inerente à vocação de educador. Não sei.

Acabo de ver que a Câmara dos Deputados abriu um concurso público com salários entre R$ 7.500,00 e quase R$ 15.000,00. Acho que o melhor salário para funcionários públicos no Brasil, em todas as esferas, deveria ser o de professor.

Parabéns a todos os professores pelo seu dia! Estou junto com vocês na esperança e na luta por dias muito melhores.



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