Do Vale do Taquari a Recife

Não adianta, não consigo dormir em avião da mesma maneira que não consigo evitar uma dor de barriga na véspera de cada viagem (de avião ou não). Aproveito então para escrever para vocês o motivo que acabou me colocando aqui neste vôo 4196 da VASP em direção ao Nordeste do País: viajo como convidado da organização do Fórum Pernambucano de Linux Internacional, para o qual colaborei com a agenda internacional e onde participarei de debates sobre informática pública e mediarei um painel composto por jornalistas. A razão para este convite é o papel fundamental que a Univates desempenha na livre disseminação da tecnologia, através de sua produção em software livre, já reconhecido até internacionalmente (em novembro vou para os Estados Unidos a convite do Annual Linux Showcase).

Mas o que é, afinal, software livre? Antes de mais nada, é um compromisso com a livre disseminação do conhecimento em todas as formas na qual se manifesta. Programas de computador são uma manifestação do conhecimento humano, como fórmulas matemáticas, o estudo da química, da biologia, genética e outras. Na prática, um software - ou programa - livre é aquele que você pode copiar, distribuir e modificar, melhorando-o ou adaptando-o às suas necessidades, como se fosse uma receita de bolo, ou como muito propriamente comparou a Diretora do Colégio São Miguel, Rosali Mantelli, como um texto que é produzido coletivamente e constantemente melhorado por seu grupo de autores ou colaboradores.

Mesmo que você jamais vá modificar um programa de computador, ainda assim você deve pensar em usar programas livres. Programas proprietários, aqueles que são protegidos por patentes e licenças, o obrigam a respeitar as regras impostas por seus fornecedores, e protegidas pela lei de informática. Assim, se você usa um programa proprietário jamais poderá presentear um amigo com uma cópia: se você fizer isto, você vira um criminoso, sendo obrigado a pagar uma multa de até 3.000 vezes o valor da licença de uso estipulada pelo fornecedor do programa e pode ir para a cadeia por quatro anos. Este crime é chamado com freqüência de pirataria. Assim, quem copia um programa proprietário de computador é moralmente equivalente a quem assassina a tripulação de um navio para tomar sua posse ou saquear seus pertences. Um programa livre, por outro lado, garante a você o direito à cópia para tantos amigos quanto desejar. Exemplos de programas proprietários famosos e largamente utilizados são os produzidos pela empresa americana Microsoft, como o Windows, o Word, o Excel, entre outros. Os programas livres tem como exemplo principal o sistema operacional Linux e vários utilitários como editores de texto e planilhas de cálculos, que podem ser utilizados em substituição aos programas proprietários. Outra razão para usar programas livres é seu custo de propriedade, e isto é especialmente importante para as empresas. Levando-se em conta que o custo de um sistema operacional e aplicações de escritório proprietárias custam cerca de R$ 1.000,00 por equipamento, e que uma solução equivalente em software livre custa virtualmente nada, o total do dinheiro economizado pode ser utilizado na capacitação de seu pessoal para a utilização da nova tecnologia adotada.

A mais importante razão para a adoção do software livre, porém, é o compromisso com a livre disseminação do conhecimento e o apoio àqueles que dentro desta filosofia criam programas de computadores cada vez melhores. Começando o Fórum, mando mais notícias.



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