Agronegócio e Código Aberto

Há cerca de dois anos, participei de um grupo que buscava pensar maneiras de melhorar, com o uso da tecnologia, a produção de pequenas propriedades rurais. Um pouco antes, eu havia conhecido Victor Huayllani Yllatinco, um peruano que iniciou um projeto de um ERP para a produção têxtil e a quem tive a oportunidade de convidar para apresentar seu projeto e um panorama do desenvolvimento de softwares livres e de código aberto no Peru, durante a primeira Latinoware, que aconteceu em Foz do Iguaçu, no final de 2004. Também destaquei o trabalho de Victor e de muitos outros que pude conhecer pessoalmente no Latinoware e em outras ocasiões em um trabalho que fiz para o governo da Finlândia, buscando, dentre outras coisas, a associação entre o software livre e de código berto ao desenvolvimento regional.

Vivo em uma região que tem por base de sua economia a produção rural, em boa parte baseada na associação de pequenos produtores familiares a cooperativas. Ainda que não faça parte de meu dia-a-dia a questão tecnológica da vida no campo, sempre imagino que deve ser possível, de alguma forma e de maneira simples, melhorar a vida dos pequenos agricultores com a informatização de seu ambiente de trabalho. Foi com grata satisfação que tomei conhecimento do projeto OpenFarm, que recentemente passou a constar entre os projetos brasileiros listados pelo Núcleo de Desenvolvimento Open Source e Interoperabilidade.

Segundo o site do projeto: "O OpenFarm vem para levar a pequenas e médias fazendas a capacidade de melhor administrar seus negócios, possibilitando um melhor controle de tudo o que acontece na fazenda, desde a venda da produção, a compra de insumos, máquinas, sementes até gastos como energia elétrica, impostos, água, dentre inúmeros outros fatores, possibilitando uma melhor administração e controle de sua fazenda."

Desde junho de 2006 o projeto é tocado por Matheus Santana Lima, também autor de uma apostila de introdução ao BROffice. A versão atual do OpenFarm roda no sistema operacional Windows, mas os fontes estão disponíveis sob a GPLv2, o que facilita o aprendizado das funcionalidades do sistema e o porte para plataformas operacionais diversas, o que a equipe do projeto está buscando. Uma alternativa para seguir usando ambientes Microsoft para o desenvolvimento de aplicações dentro da plataforma Linux é o GrassHopper. Com algum trabalho, deve ser possível também utilizar o wine - no meu caso, o programa não rodou integralmente com o wine, mas ao menos pude observar suas opções de trabalho e os relatórios disponibilizados.

Enfim, o Matheus contribuiu com um sistema para uma área ainda carente de recursos. Certamente, existe aí uma oportunidade de expansão deste projeto e mesmo a criação de um modelo de negócios que leve a tecnologia para a pequena propriedade rural, aumentando sua produtividade e competitividade.

Artigo produzido originalmente para o Dicas-L



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